sexta-feira, fevereiro 28, 2014

utópico irrecuperável

Na minha humilde e sincera opinião, há jornalista confundindo foco com fofoca.

Ao jornalista não é dado o livre-arbítrio de perguntar tudo e qualquer coisa que lhe passe pela cabeça, simplesmente porque o questionamento não é (ao menos não deveria ser) intrínseco a ele.

A isto chamamos de bagunça; para todo o resto, bom senso.

Explico: a dúvida não é do jornalista. Mas sim, em última análise, do público.

O camarada que empunha um microfone é tão somente o porta-voz do seu público. Jornalista não está ali pra dirimir dúvidas de foro íntimo nem para saciar a sua demanda pessoal por picuinhas (isso ele pode fazer depois que desligar o microfone).

O bom jornalista conhece o seu público e faz questionamentos inteligentes que incitem respostas pertinentes ao interesse deste.

Pouquíssimos torcedores do Náutico e do Sport estavam interessados em fofoca.

Alguns profissionais dão a impressão (tomara que seja só ela) de que não têm competência para elaborar questionamentos interessantes a cerca do esquema tático, substituições, da estratégia, da bola rolando, do jogo jogado. Escondem-se atrás de esparrelas, cavando fofocas que desviam do assunto de maior interesse do público: o FUTEBOL. Ficar tentando levantar rusgas entre Lisca e Neto Baiano (ou dar bola pra alguma troca de meia dúzia de farpas) é reduzir o tempo dedicado à faculdade de jornalismo (aqui me refiro apenas aos que frequentaram uma, claro) ao rasteiro mundo das superficialidades que vendem fácil e nada agregam ao nosso futebol.

Depois reclamam quando extingue-se a obrigatoriedade de diploma para exercer a profissão.

Defender esse tipo de libertinagem reducionista é o que torna a imprensa esportiva pernambucana, por vezes, pueril (pra não dizer patética). Jornalista sério se dá o respeito e não fica entrevistando funcionário demitido nem procurando pêlo em ovo, cansando o ouvinte com assuntos que só interessam à imprensa: gerar polêmica onde ela não existe pra render assunto pelo resto da semana.

Acaba-se perdendo o foco e o respeito para com o público que os colocou onde estão.

Comecem a tratar o ouvinte como debilóide e depois não reclamem da fuga de audiência.
[ou talvez eu seja um utópico irrecuperável].