domingo, fevereiro 22, 2004

e agora essa...

conversando com meu amigo joka essa madrugada pelo MSN ele me informa que a menina beta e a menina preta irão sair no Patusco mas irão estar dentro do cordão de isolamento... opa!!... como assim?..cordão de isolamento?

Joka achou normal o fato de se cobrar alguns reais pra quem quer ficar dentro da área destinada aos músicos e à diretoria e estranhou quando viu minha reação negativa ao fato, mas vou me explicar:

1) é vero que as troças e blocos de Olinda se utilizam de um cordão para proteção dos músicos que estão ali trabalhando e um desavisado poderia causar algum transtorno se ficasse passeando por entre trompetes e surdos.

2) além dos músicos, passeiam no interior dessa área protegida pelo cordão de proteção (prefiro chamar assim) as pessoas que fazem parte da diretoria do bloco, pessoas que passam meses organizando a festa, contratando músicos, fechando patrocínio, treinando os músicos, enfim... trabalhando. E é normal que fiquem em um local diferenciado ate porque eles estão ali trabalhando também e não somente se divertindo.

3) o dinheiro captado através da venda das camisas ajuda mas não é e não pode ser a única fonte de recursos do bloco... pra isso existe uma diretoria que corre o ano todo atrás de patrocínio. Este sim, o maior responsável pela contração dos músicos a única finalidade do bloco.

4) bloco ou troça não é organização para fins financeiros, não é banco... não tem que cobrar nada... é botar os músicos na avenida e mandar ver pro povo dançar...de graça... quem paga? Patrocino... onde? Na camisa dos músicos e da diretoria... somente. O povo é o publico e não outdoor. Vc até pode usar o púbico alvo como divulgador de sua marca mas nunca cobrar por isso. O povo é o fim e não o meio.

5) Se bloco de carnaval precisa cobrar pra sobreviver que a prefeitura ajude, que a iniciativa privada patrocine...não o público... que como disse é o objetivo final do bloco existir.

6) Cordão de isolamento é, em seu princípio, uma afronta ao sentimento democrático do carnaval de Olinda. Para mim que sempre defendeu as festas de Olinda (apesar de não ser folião eu respeito a tradição e ma encanto com a magia dessa festa) e que usava como principal argumento a abertura da festa... festa do povo, para o povo e com o povo... democracia pura... o carnaval mais popular e democrático do planeta. Ai me vem o patusco cobrando camisa e cordão de isolamento... não concordo.

7) Estava vendo o Galo hoje pela TV e pensando comigo, como se faz pra se montar uma festa dessa sem cobrar um puto a nenhum dos foliões? Qualquer um gostaria de cobrar $1,00 de cada pessoa ali pulando já que, segundo estatísticas, são mais de 1.300.000 pessoas...boa grana não? E porque não é cobrado? Porque o Galo tem respeito aos seus foliões e sabe que carnaval é rua, é chão, é povo, é democracia, é abertura... é pra todos.... quem arca uma festa dessas, que com certeza é muito mais onerosa que as voltas que o Patusco dá em Olinda, é o fruto de tantos anos sendo assim popular...e quanto mais popular mais aberto mais reconhecido, mais adorado... e quanto mais gente mais imagem, imagem pra todo o Brasil, imagem pro mundo todo... e o que é melhor para os patrocinadores que a venda de sua imagem? Patrocinadores portanto dessa alegria gigantesca da qual tanto nos orgulhamos...
...o maior bloco de carnaval do mundo e DE GRAÇA.

Não estou aqui repudiando a atitude de quem comprou a camisa... até porque se bobear até eu entro no bolo do bloco... não é a atitude de comprar a camisa... é a idéia de isolamente e cobrança por parte da diretoria... quem tem como comprar a camisa está na boa... quem não tem (ou quem não quer) fica fora....fora? como assim? E o que é estar dentro? Se o nosso carnaval esta em todo canto... daqui há pouco ao invés de cordal de isolamento vai ter bloco com redoma de vidro de isolamento... com ambiente climatizado, serviço de bar e boate pra quando os músicos cansarem de soprar aquela porra daquele frevo chato (humptf !!)... não concordo com esse “isolamento” afinal vc está se isolando de quem? Do povo? Como, se o povo é a própria festa...

Será que os meus argumentos são mesmo utópicos?
Espero que não me entendam mal.
É só mais uma opinião.

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